9 de agosto de 2011

"Vaqueiros" 2011

Acrílica sobre tela 60 x 40 cm
Valor + Frete à consultar (vendido)



"Construímos nossa narrativa por meio de ecos de outras narrativas, por meio da ilusão do auto-reflexo, por meio do conhecimento técnico e histórico, por meio da fofoca, dos devaneios, dos preconceitos, da iluminação, dos escrúpulos, da ingenuidade, da compaixão, do engenho. Nenhuma narrativa suscitada por uma imagem é definitiva ou exclusiva e as medidas para aferir a sua justeza corriam segundo as mesmas circunstâncias que dão origem a própria narrativa. (MANGUEL, 2001, p. 28).

Diante disso, tudo postado neste blog. em forma escrita pode suscitar interpretações diversas, sendo assim, nada e nem ninguém graças a Deus é possuidor de verdades absolutas, logo me expresso como qualquer um, que queira deleitar o seu olhar para as artes e ter o atravimento de questionar tal produção visual, a poética da pintura, algo que instiga os sentidos de tal maneira que assemelhar-se a um trem em desparada, num ritmo musical desenfreado... Acho que (Deus) nos deu a liberdade, e com ela poder orbitar em pluriuniversos, jamais ele seria um ditador, construindo arranha céus de verdades concretizadas em nosso espírito.

Portanto, falar da tela os "Vaqueiros" é sondar apenas um mundo de idéias plantadas por Assis Costa neste espaço-tela. Vejamos um pouco as características formais: lá estão elas, as linhas... entrecortando os espaços, dividindo, dando sentido e deslocamento aos personagens: homem-natureza. É cubismo, é pós-expressionismo? Nesses ismos, vejo uma pintura que lembra a arte rupestre, pelas suas cores ocres, terras, ao mesmo tempo uma escultura policromada de figuras que paracem ser de papel, postas em ritual, em posição de largada, para a "pega de gado", um "alucinado" gesto da cultura nordestina. Um Carrossel a girar, girar, girar... eternizando pensamentos. As cercas, o casario ao fundo, particularidades da obra de Assis Costa. O cavalo branco em primeiro plano contrapondo com a casa branca, equilibrando as cores, pontos de fuga, de ligação, que dão profundidade.
Este grupo de homens sertanejos tão misturados a terra, que paracem esculturas de barro, aí vigora também suas mentes, a imaginação fundada no cotidiano, na necessidade de repetir rituais ancestrais, gente que segue a vida sem pensar muito, que as vézes pretrifica a cultura, se tornando homem de pedra."

Madame Marfim.

Fonte: MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. (Tradução de Rubens Figueiredo, Rosaura Eichemberg, Claúdia Strauch). São Paulo: Companhia da Letras, 2001. 11-258p.

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